As danças populares são consideradas manifestações culturais da mais alta importância enquanto forma de expressão da cultura popular tradicional, por se constituírem em um conhecimento original e coletivo de um povo. São aquelas que “persistem no tempo e continuam preservando os mesmos elementos dentro de uma mesma estrutura – apesar de estarem sendo constantemente recriadas pela iniciativa criadora dos seus predicados ou por necessidade de adaptação a novos contextos” (OLIVEIRA,1991).
Na perspectiva histórica não havia espetáculo de dança. A finalidade do ato de dançar não era de natureza cênica ou estética, pois a dança se inseria em rituais mágicos e religiosos que a transcendiam. Segundo Mário de Andrade (1982), foi a “finalidade religiosa que deu aos bailados a sua origem primeira e interessada, a sua razão de ser psicológica e a sua tradicionalização”.

Com o passar dos anos, o seu caráter religioso foi se degradando e elas foram assumindo uma finalidade de lazer e de entretenimento. “Tanto o interesse pelo cômico, como da luta pela vida desorientam violentamente o fundo religioso dos bailados, a ponto de em alguns esse fundo já estar quase invisível” (ANDRADE, 1982).
No entanto, embora não seja perceptível para os não iniciados, os folguedos estudados na presente pesquisa ainda conservam suas características religiosas de uma forma bem particular. Segundo Maria Gorreti Rocha Oliveira (1991):
[…], hoje estamos vivendo uma fase do processo evolutivo da dança em que o objetivo eminentemente estético ou de elaboração cênica das danças populares está progredindo em detrimento dos objetivos religioso e lazerístico, embora todos estes três objetivos continuem coexistindo em diversas situações da vida social.
Contudo, para Garaudy (1980) a dança tradicional, de origem europeia, se tornou uma língua morta, assim ela, “a dança, só reencontra seu grande estilo quando é a expressão, ou a esperança, de uma vida coletiva”, o que se configura claramente nas danças populares ainda presentes no território pernambucano.

Por fim, é uma prática social que se apresenta sob variadas formas e linguagens, que vão desde o mais informal ao mais formal, nos mais diferentes contextos, revelando o ambiente cultural, a particularidade e a expressão primordial de determinada comunidade. Além do mais, nas diversas manifestações artísticas populares, percebe-se a força da dança como elemento de coesão social e cultural.
No Brasil, as danças populares ainda existem com um vigor significativo, sendo muitas delas registradas pelo IPHAN como patrimônios culturais imateriais no Livro de Registro das Formas de Expressão. Em Pernambuco, as expressões culturais que envolvem a dança são o Caboclinho, o Cavalo Marinho, o Frevo, o Maracatu Nação e o Maracatu de Baque Solto.
Obs. Texto de Elysangela Freitas extraído do relatório de atividade de produção apresentado à Universidade Católica de Pernambuco, como requisito para obtenção do título de Especialista em Narrativas Contemporâneas da Fotografia e do Audiovisual. Para o relatório completo acesse aqui.
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- Cultura popular. O que é isso?
- Já ouviu falar em patrimônio cultural?
- Diálogo de imagem e movimento: a dança e a fotografia como formas de expressão
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