Frevo

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Brincantes das Ladeiras – Olinda/PE. Foto: Elysangela Freitas

No carnaval do Recife os clarins anunciam a chegada do frevo. Quase toda a gente vai às ruas para cair no passo. É a “onda do frevo” em um jogo de pernas e braços, a multidão em delírio ao som das orquestras de fanfarras. Os músicos caminhando no meio da massa.

O frevo é de Pernambuco, criado no Recife nos fins do século XIX, no meio do povo, sem regra nem mestre, quase espontaneamente. A origem da palavra frevo vem de ferver, de onde se derivou por corruptela, frever, e daí frevança, frevolência , frevura, frevo.

No frevo não há como separar a música e a dança que com ela se dança, o passo. O frevo, como música, veio da marcha-dobrado, com influências da polca e da quadrilha, tocadas pelas orquestras de fanfarras militares durante os festejos de Momo. Já o passo surgiu das acrobacias dos capoeiras que vinham à frente das bandas, exibindo-se e praticando a luta no intuito de intimidar os grupos inimigos. No entanto, com o tempo, os golpes viraram passos de dança.

O passo é uma dança ao mesmo tempo coletiva e individualista, ritmada, arbitrária e de movimentos improvisados. Ao mesmo tempo em que a multidão fervilha em uma verdadeira corrente humana, o passo é individual, sem combinações coreográficas, o que possibilita a qualquer um criar e inovar, sendo a ginga ou a munganga uma constante do passista. O passo vale tanto para o frevo-de-rua, aquele com ausência de letra porque é feito unicamente para ser dançado, como para o frevo-canção. Apenas no caso do frevo-de-bloco, com orquestra de pau e corda, a dança muda completamente.

Desde sua origem, o passo se transforma constantemente, sendo recriado a cada momento, não sendo possível negar suas novas formas de expressão. No meio da folia nem todo mundo dança com perfeição técnica, mas isso não quer dizer que não estejam fazendo o passo. Entretanto, nos momentos em que ocorrem exibições mais elaboradas, a multidão abre espaço e são formadas as chamadas rodas de frevo.

De uma forma ou de outra, o carnaval do Recife é o mais democrático do mundo, seja para fazer o passo no meio da multidão ou para se deliciar assistindo à evolução acrobática dos passistas profissionais em uma roda de frevo. Evoé!

Texto e fotos: Elysangela Freitas

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Grupos Fotografados – Brincantes das Ladeiras, Olinda/PE e FrevoEterno, Recife/PE.

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Vídeo do Registro – Parte 1Parte 2

REFERÊNCIAS

ANDRADE, Mário. Danças Dramáticas do Brasil.2 ed. Belo Horizonte: Itacaia; Brasília: INL, Fundação Nacional Pró-Memória, 1982.

AMORIM, Maria Alice,  Patrimônios Vivos de Pernambuco. Recife: FUNDARPE, 2010.

INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICOS NACIONAL. Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br>. Acesso em: 01 dez. 2016.

LIMA, Cláudia. Evoé:história do carnaval – das tradições mitológicas ao trio elétrico. 2aEdição. Recife: raízes brasileiras, 2001.

MAIOR, Mário Souto e SILVA, Leonardo Dantas (orgs). Antologia do Carnaval do Recife. Recife: FUNDAJ, Editora Massangana, 1991.

OLIVEIRA, Maria Goretti Rocha de. Danças populares como espetáculo público no Recife, de 1979 a 1988.Recife: O autor, 1991.

REAL, Katarina. O Folclore no Carnaval do Recife. 2a. edição revisada e aumentada. Recife: FUNDAJ, Editora Massangana, 1990.