Cavalo Marinho

Cavalo Marinho Boi Matuto – Cidade Tabajara – Olinda/PE. Fotos: Elysangela Freitas

A brincadeira começa em um terreiro de chão plano, normalmente, ao ar livre. Primeiro se coloca o banco onde ficarão os músicos e aos poucos o povo se aproxima ao redor do banco. A rabeca, ou o bombo, dá os primeiros toques avisando que o samba vai começar. Assim é o Cavalo Marinho, uma forma de expressão típica da Zona da Mata Norte de Pernambuco e sul da Paraíba, tradicionalmente realizada pelos trabalhadores rurais e que tem como elementos a dança, o teatro, a música, a poesia, a louvação, o ritual e o canto.

O Cavalo Marinho é uma brincadeira popular que acontece, tradicionalmente, do início do ciclo natalino até o dia de Reis. Ocasionalmente, pode se realizar em outros momentos, como nas festas dos padroeiros das cidades ou em outras datas comemorativas, como também em eventos organizados por órgãos públicos.

As cenas acontecem de frente para o banco dos músicos e as figuras entram na “roda do samba” pelo lado oposto. Quem comanda o folguedo é o Capitão Marinho, que pretende dar uma festa em homenagem ao Santo Rei do Oriente. Ele é o portador do apito, artefato que comanda a brincadeira, sinalizando o começo ou o término “das partes”: cortes ou paradas dentro das cenas/danças/músicas.

O Capitão Marinho contrata dois negros, Mateus e Bastião, e a negra Catirina para tomarem conta da festa em sua ausência. Mas ao invés disso, eles desorganizam o terreiro, que só volta à ordem com a chegada do Soldado. Daí começam a entrar as figuras (personagens), portando máscaras. Ao todo, são cerca de 70 (setenta) figuras, além dos bichos. O ápice da brincadeira é a dança dos Arcos ou Aico, com a louvação do Divino Santo Rei do Oriente; no entanto, o brinquedo só termina com a aparição do Boi, sua morte e ressureição.

Cada grupo tem sua singularidade ao apresentar o brinquedo, mas todos possuem uma narrativa que envolve temas como o trabalho, a festa e a louvação do Santo Rei do Oriente. Além disso, tem-se a dança do magui (ou mergulhão), a dança dos aicos ou o baile das baianas, as figuras (personagens que usam máscara), os bichos, Mateus, ou Caroca, Bastião e Catirina, o Banco, o Caboclo de Arubá, ou o Caboclo de Pena, as baianas, o Cavalo, o Boi, as loas (poesias faladas), as toadas (músicas cantadas), os diálogos (falas dos personagens contracenando com o Capitão Marinho). Por isso, a apresentação pode durar muitas horas, até para que a história faça sentido, mas atualmente seu tempo de execução está se reduzindo devido aos contratos de apresentação.

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Grupo Fotografado – Cavalo Marinho Boi Matuto – Rua Curupira, 340, Cidade Tabajara – Olinda/PE.

 

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REFERÊNCIAS

ANDRADE, Mário. Danças Dramáticas do Brasil.2 ed. Belo Horizonte: Itacaia; Brasília: INL, Fundação Nacional Pró-Memória, 1982.

AMORIM, Maria Alice,  Patrimônios Vivos de Pernambuco. Recife: FUNDARPE, 2010.

INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICOS NACIONAL. Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br>. Acesso em: 01 dez. 2016.

OLIVEIRA, Maria Goretti Rocha de. Danças populares como espetáculo público no Recife, de 1979 a 1988.Recife: O autor, 1991.