A pesquisa sobre a prática de outros artistas e fotógrafos, e seus processos criativos, foi fundamental para tentar traduzir a ideia em imagens. Destacam-se, assim, o estudo de outros fotógrafos de dança, uma vez que cada fotógrafo tem o seu estilo de fotografar. Além da obra dos artistas anteriormente apontados (Pierre Verger, Edgar Degas e Francesca Woodman), procuramos referências visuais nos trabalhos de Paula Lobo, fotógrafa de dança e autora do livro Quando eles dançam / When They Dance. Atualmente, Lobo trabalha no The New York Times e já fotografou várias companhias de dança em todo mundo, a exemplo do New York City Ballet, Ballet Hispanico, Pina Bausch, Big Dance Theater, Pilobolus, Tokyo National Ballet, Mark Morris e Cedar Lake Dança Parsons.

Também estudamos Roberta Guimarães, fotógrafa pernambucana que tem mais de 20 anos de experiência na fotografia. Pesquisamos especialmente aqueles trabalhos relacionados à cultura popular, tais como o livro Brincantes da Mata, em parceria com as fotógrafas Rose Gondim e Tuca Siqueira, um registro fotográfico que busca revelar o lado inexplorado de quatro personagens da Zona da Mata Norte Pernambucana: Mestre Zé Duda, do Maracatu Estrela de Ouro de Aliança; Martelo, do Cavalo-Marinho Estrela de Ouro de Condado; Dona Olga, do Maracatu Estrela Brilhante de Igarassu; e Negão, do Caboclinho Canindé, de Goiana. Podemos citar ainda O sagrado, a pessoa, o orixá, livro no qual a fotógrafa registra o dia-a-dia e os rituais religiosos de doze Terreiros do Xangô de Pernambuco.

Outra referência importante foram os fotógrafos do Coletivo Canal 03 (Aline Feitosa, Beto Figueiroa, Elenilson Soares – Kuru, Luca Barreto e Mateus Sá), que durante o período de sua existência trabalhou efetivamente para fomentar o debate sobre a fotografia em Pernambuco. O coletivo promoveu diversos varais fotográficos nos mercados públicos da Região Metropolitana do Recife, assim como exposições pelas ruas, praças e, também, em espaços museológicos. Uma das principais características do coletivo era a criação colaborativa, destacando-se a publicação do livro A Cambinda do Cumbe (2006), um projeto de fotografia documental sobre o maracatu de mesmo nome.

Com trabalho reconhecido no Brasil e no exterior e inúmeras exposições, tanto individuais como coletivas, além de inúmeras publicações em livros e revistas, Beto Figueiroa também foi uma forte referência visual neste trabalho. Ele recebeu as principais premiações do fotojornalismo nacional, como Vladimir Herzog, Caixa e Ayrton Senna e, em 2007, esteve entre os dez brasileiros escolhidos pela Fototeca de Cuba e pelo Instituto de Mídia e Arte – IMEA (SP) para representar a fotografia brasileira na mostra “Mirame – uma ventana da fotografia brasileña”, em Havana. Em dezembro de 2014, foi eleito o destaque das artes visuais naquele ano pelos leitores do jornal Diário de Pernambuco, com a exposição Morro de Fé, realizada sob o formato de intervenção urbano-artística no Morro da Conceição, comunidade no Recife, que, mais tarde, gerou o livro do mesmo nome.

As referências citadas foram muito importantes para a pesquisa e para o processo criativo, não só porque seus trabalhos auxiliaram nosso repertório visual, como também porque ajudaram a refletir sobre o processo de criação de imagens e da vivência do olhar da diferença.
Obs. Texto de Elysangela Freitas extraído do relatório de atividade de produção apresentado à Universidade Católica de Pernambuco, como requisito para obtenção do título de Especialista em Narrativas Contemporâneas da Fotografia e do Audiovisual. Para o relatório completo acesse aqui.
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Quer saber mais sobre as brincadeiras fotografadas? Dá uma olhada aqui.
REFERÊNCIAS
CANAL 03. A Cambinda do Cumbe. Recife, 2006.
GUIMARÃES, Roberta. Brincantes da Mata: Martelo. Recife: Imago Fotografia, 2010.
GUIMARÃES, Roberta. O sagrado, a pessoa, o orixá. Recife: Imago Fotografia, 2013.
LOBO, Paula. Quando eles dançam. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2014.
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